ESTRATÉGIA INÉDITA NO MUNDO VAI MOBILIZAR 3 MIL ALUNOS DE ESCOLAS MUNICIPAIS NO ENFRENTAMENTO À DENG
Campo Grande passa a contar com uma nova estratégia que irá mobilizar 3 mil alunos, de 17 escolas da Rede Municipal de Educação (Reme).
17 AGO 2022 • POR PMCG • 11h36O objetivo é fazer o controle biológico de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como a dengue, Zika e Chikungunya, através da liberação de mosquitos com a bactéria Wolbachia, capaz de inibir a transmissão destas doenças. O lançamento do “Wolbito em Casa” aconteceu na manhã desta
A prefeita Adriane Lopes destaca que a implementação do Método do Wolbachia contribuiu para que o Município passasse dois anos sem enfrentar uma nova epidemia de dengue e que o envolvimento das crianças neste projeto será fundamental. Ela lembra que as medidas de prevenção devem ser feitas de maneira continua.
“Tenho certeza que os resultados serão positivos e nossa cidade mais uma vez será exemplo na Saúde. É importante lembrar que este é um método complementar, portanto todos nós precisamos fazer a nossa parte. Evitar o acúmulo de materiais que possam servir de criadouros do mosquito e cuidar do nosso quintal”, destaca.
“Estamos muito contentes em participar do projeto e ansiosos para poder acompanhar o crescimento do Wolbito. Saber que ele não transmite as doenças e que assim vamos ajudar a nossa comunidade é muito legal”, diz.
Cada aluno receberá um kit contendo um recipiente, material informativo e cápsulas com ovos do mosquito Aedes aegypti com Wolbachia, os chamados Wolbitos, que serão “cultivados” até a fase adulta.
A atividade será supervisionada por coordenadores e professores da Rede Municipal de Educação. Eles serão divididos em dois grupos (A e B), em que cada um retira uma cápsula contendo ovos de Wolbitos e ração para as larvas a cada 15 dias. Toda a atividade deve durar 16 semanas.
O gestor de implementação do Método Wolbachia em Campo Grande, Antônio Brandão, destaca que a estratégia contribui para o estabelecimento dos Wolbitos no território onde estes alunos residem e também no seu aprendizado.
“Essa é uma estratégia de liberação comunitária para que a gente possa ampliar o estabelecimento dos Wolbitos nestas regiões. É ainda uma oportunidade dos alunos observarem na prática todo o desenvolvimento de um inseto, permitindo também, aos professores, o desenvolvimento de atividades e trabalhos para serem elaborados e apresentados em feiras de ciências e entre as demais escolas da Reme”, justifica.
Na avaliação do secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, a estratégia que será desenvolvida por Campo Grande será extremamente importante para a consolidação do método, sendo fundamental na sensibilização e mobilização da comunidade.
“Quando se envolve a criança em um projeto como este, ela atua não somente como uma parte executora, mas também como um agente multiplicador. Com as orientações passadas na escola, ela irá envolver toda a sua família neste processo. Com isso, há um engajamento espontâneo onde todos ali presentes irão se inteirar sobre o projeto contribuindo assim numa difusão mais eficaz”, disse.
Wolbachia em Campo Grande
A soltura dos mosquitos com a bactéria Wolbachia teve início na Capital em dezembro de 2020. Ao todo serão seis fases de soltura em Campo Grande, que atualmente já se encontra na sua quinta fase de implementação. O método já está presente em mais de 30 bairros de diferentes regiões do Município.
A liberação dos Wolbitos faz parte da estratégia do Método Wolbachia, iniciativa do World Mosquito Program (WMP), conduzida no país pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com apoio financeiro do Ministério da Saúde, e que utiliza a bactéria Wolbachia para o controle de arboviroses, doenças que são transmitidas pelo Aedes aegypti.
No Brasil, o Método Wolbachia é conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com financiamento do Ministério da Saúde, em parceria com os governos locais. Além de Campo Grande, ele atua no Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE).
O primeiro local de atuação do WMP foi o norte da Austrália, em 2011, e opera atualmente em 12 países (Austrália, Brasil, Colômbia, México, Indonésia, Laos, Sri Lanka, Vietnã, Kiribati, Fiji, Vanuatu e Nova Caledônia).
Os casos dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypty, têm se mantido estáveis em Campo Grande. Há dois anos o Município não enfrenta uma epidemia da doença.
Dados epidemiológicos
De 01 de janeiro ao dia 09 de agosto de 2022 foram registrados 12.721 casos notificados de dengue e sete óbitos provocados pela doença. No mês de julho foram notificados 641 casos, o que representa uma redução de 65% em relação ao mês anterior, onde foram notificados 1.866 casos da doença.
Histórico
Em 2019, Campo Grande registrou 44.871 casos e oito óbitos provocados pela dengue. À época, a Prefeitura realizou uma força-tarefa batizada “Operação Mosquito Zero”, envolvendo a sociedade civil organizada e todas as secretariais municipais. Foram realizadas ações de manejo nas sete regiões urbanas e distritos do Município, para conter o avanço da doença.
No ano seguinte, 2020, os casos caíram pela metade, resultado do trabalho executado. Em todo o ano, foram 20.198 notificações e 7 óbitos. Mesmo durante a pandemia de Covid-19, os trabalhos de combate ao mosquito Aedes aegypti continuaram sendo realizados, o que levou o Município a registrar uma redução histórica de mais de 90% nos casos em 2021. Em todo o ano passado, a Capital registrou 5.288 casos notificados de dengue e 4 óbitos provocados pela doença.
Medidas adotadas
A redução do número de casos de dengue é reflexo das diversas ações estratégicas que foram adotadas pelo Município nos últimos anos. Além do trabalho de rotina que é realizado pelos agentes comunitários de saúde e de combate às endemias, o trabalho de manejo foi intensificado neste ano a partir da reedição da campanha Operação Mosquito Zero – É matar ou morrer. As sete regiões da cidade receberam ações de recolhimento de materiais inservíveis e eliminação de focos. O serviço do Fumacê também foi intensificado. Hoje as equipes percorrem os bairros e regiões mais críticas durante o período diurno (matutino e vespertino).