Tio e sobrinho atacados por onça no Pantanal recebem alta médica

4 AGO 2014 • POR Mariana Rodrigues/Informações Diário Corumbaense • 20h55
Foto: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

 Atacados por uma onça-pintada na manhã de sexta-feira passada (1º), tio e sobrinho que moram e trabalham em uma fazenda na região do Castelo, no Pantanal corumbaense, receberam alta médica na manhã desta segunda-feira (04). Eles permaneceram internados no Hospital de Corumbá desde o dia do ataque do felino. Pelas próximas três semanas, vão permanecer na casa de familiares para recuperação e sequência do tratamento, que prevê, além da medicação controlada, sessões de troca de curativos e fisioterapia.

Isac Araújo Pimenta de Lima, 23, primeiro a ser atacado pelo animal, ficou ferido na perna direita. O corte lhe rendeu pelo menos 20 pontos. O tio dele, Oséias Isaque Araújo, 43, teve ferimentos no braço e perna direitos, e teve de ser submetido a suturas de 20 e cinco pontos, respectivamente.

Avessos às fotografias (permitiram somente as fotos dos ferimentos), eles contaram ao Diário Corumbaense como foi o ataque da onça. “Fomos tirar o gado de um arrendamento e chegando lá tinha uns urubus numa área de mato e fui olhar porque sempre tem gado que morre. Desci do cavalo e falei pra ele [para o tio] que achava que era onça. Quando cheguei lá perto, ela saiu e veio em mim. Gritei que era onça mesmo, corri, pulei numa árvore e ela veio e pegou minha perna. Ele viu, veio ajudar e ela atacou ele”, contou Isac. “Aqui na perna, ela fez uns oito buracos, em cada um levei uns dois, três. Ela mordeu e só furou [a perna]", afirmou dizendo que “aparentemente o susto passou, agora vamos ver o tratamento”.

Oséias Araújo, 43, tio de Isac, disse não saber como escaparam da onça. Ele foi atacado no momento em que foi salvar o sobrinho das garras do animal.  “Quando ele falou 'é onça', ela estava próxima e assim que eu desci do cavalo, ele falou ‘vem ela, vem ela’. Tinha uma árvore, ele saltou e ela veio correndo igual boi de lá, vi que ela veio com tudo. Ela pegou a perna dele, que gritou, pensei que ela iria matar. Se ele cai, ela vai pra cima dele. Quando eu cheguei, ela deu um tapa na minha mão e pegou a boca no meu braço, aí não vi mais nada. Só Deus mesmo”, contou. A mordida “arrancou um ligamento”, que foi reconstituído pelos médicos, observou.

“Na hora que ela bateu a boca eu golpeei o braço e escapei não sei como. Pegou uma unha dela na perna, conseguimos não sei como escapar e saímos ‘vazado’ a cavalo. Andamos uns quarenta ou cinquenta minutos para chegar até a sede e chamar um avião. Se desmaiasse, tinha morrido”, lembrou Oséias destacando que a cavalgada para socorro foi feita com muita dor e os ferimentos sangrando bastante. “Não tinha jeito, tinha que ir. Ou montava a cavalo ou morria”, frisou.

Morador no Pantanal, Oséias Araújo, afirmou nunca ter visto uma onça se comportar da forma como o animal que os atacou. “É normal ela chegar comer a carniça e ir embora, não fica assim cuidando, foi um caso a parte. O comportamento do animal ninguém sabe, cada um tem um jeito. Foi ajuda de Deus, vi aquele bicho ‘trompar’ em mim. Sorte que ela não veio atrás da gente, se viesse...”, completou ao informar que vai retornar para a fazenda na região do Castelo assim que tiver condições. “Nossa vida é lá, temos criação de gado, a gente arrenda campo”, finalizou.