Resultado de DNA de vítimas do AF 447 deve sair em sete dias
12 MAI 2011 • POR • 21h34Se os resultados forem negativos, nenhum outro corpo será retirado do fundo do mar, disse nesta quinta-feira Jean Quintard, procurador-adjunto do Tribunal de Grande Instância de Paris.
'Se não for possível extrair o DNA e identificar os corpos, será inútil resgatá-los', disse Quintard a jornalistas, na sede do Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês), após a chegada das duas caixas-pretas do avião a Paris.
'Os corpos ficaram quase dois anos a 3,9 mil metros de profundidade e a natureza seguiu seu curso. Existem incertezas em relação à possibilidade de se conseguir extrair o DNA ósseo nessas condições', afirmou o coronel François Daust, do Instituto de Pesquisas Criminais da Polícia Militar francesa, que conta com especialistas e legistas a bordo do navio utilizado no resgate dos corpos.
Os testes estão sendo realizados por um laboratório privado francês. Para extrair o DNA dos corpos, os especialistas devem utilizar ossos grandes, como o fêmur ou a tíbia.
Troca de tripulação
Na sexta-feira, o navio Île de Sein deixará a área de buscas, situada a cerca de 1,1 mil quilômetros da costa brasileira, e retornará a Dacar, no Senegal, para efetuar a troca da tripulação, que será reforçada com mais quatro especialistas do Instituto de Pesquisas Criminais.
O navio deverá sair de Dacar no dia 18 e chegar à área de buscas por volta do dia 21 de maio. No entanto, dependendo dos resultados dos testes para tentar extrair o DNA dos dois corpos já resgatados, os investigadores poderão nem retornar ao local onde foram localizados os destroços.
'Se apenas um dos testes for positivo e conseguirmos extrair o DNA de apenas uma das vítimas, continuaremos os resgates dos corpos', disse o procurador-adjunto de Paris.
'Faremos todo o possível para resgatar os corpos', ressaltou o coronel, sem dar detalhes sobre como seriam os procedimentos para selecionar os corpos menos deteriorados no fundo do mar.
Segundo o coronel Xavier Mulot, da direção da Polícia dos Transportes Aéreos, que conduz as investigações judiciárias, cerca de 50 corpos foram localizados na área dos destroços do avião, que caiu no Atlântico em 2009.
Resgate
A Justiça francesa informou nesta semana que os corpos muito degradados não seriam resgatados para 'preservar sua dignidade'.
No entanto, famílias brasileiras contestaram essa decisão, já que muitas gostariam de recuperar os restos mortais de seus parentes, independentemente do estado em que se encontram.
O procurador lembrou o conteúdo da carta enviada nesta semana pelos juízes responsáveis pelas investigações judiciais às famílias das vítimas.
'Na hipótese em que uma identificação se revele impossível, acreditamos que, em respeito aos desaparecidos e a vocês mesmos, eles devam seguir repousando em paz em sua última moradia', diz a carta.
Helton Verão/G1